Se eu perguntar hoje, num shopping, quantas pessoas ali presentes são comunistas, garanto que serei ignorada ou tratado como "aquele louco que está gritando e incomodando os clientes". Mas, imaginando que o mundo é cor de rosa e que vivemos em uma sociedade na qual há o respeito mútuo, tenho certeza que encontraria 3 ou 4 (pseudo) seguidores de Marx. Eles diriam que o capitalismo é injusto e blá blá blá, o mesmo discurso de todo ativista de shopping. Porém, se eu os questionasse sobre quem foi O Che, não responderiam nada além de "um revolucionário cubano". Pessoal, a sombra com orelhas de Mickey é argentina.
A atitude da sociedade de consumo de vender uma ideologia séria como o comunismo, como se ela fosse um acessório, aliada à crescente acefalia juvenil (o efeito da Bomba de Hiroshima foi muito além do que a gente esperava), acabou criando monstros: rebeldes com calças (de marca) e sem causa. Que queiram ser discípulos de Lenin, eu entendo, ainda que prefira meu Adam Smith. Mas, pelo amor de Deus, pelo menos saibam o que é isso!
Fico imaginando como será no futuro. O que esses jovens explicarão aos seus filhos, quando não forem mais tão jovens assim (fisicamente, porque mentalmente talvez demore um pouco). "Filho, Che foi um revolucionário cubano. Siga-o!". Muito provavelmente essas pessoas não sabem nem onde está Cuba, o que dizer da Argentina, então. E a Rússia fica.... bem, não vem ao caso.
Na geração pós-Nagasaki, o destino do mundo parece estar mesmo nas mãos do capitalismo. E isso não porque o american way of life é o melhor sistema ou coisa do gênero, mas, sim, porque não há quem (me referindo, de fato, a uma pessoa) faça frente a ele. Isso porque, para tanto, é precioso questionamento e contestação, o que não é o forte dos dias de hoje.
O pensamento leva ao avanço e, quem sabe, com o avanço não se chegue na Utopia? Mas do jeito que as coisas vão, parece que ficaremos aqui pela Inglaterra durante algum (longo) tempo ainda.