quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Espelhos

O espelho nunca mente. Aquele menino que antes eu via, cresceu. Seus olhos ficaram mais frios, suas mãos mais calejadas, suas palavras mais afiadas e seu reflexo mais distante. O mundo mágico se desfez. Morreram os coelhos brancos, os relógios o alcançaram.
Quando pequeno, esse momento parecia que nunca ia chegar. Os castelos impalpáveis eram sólidos como as pedras e eternos como as montanhas; os inimigos invisíveis eram mais preocupantes que aquilo o que os amigos vêem de mim e as princesas seqüestradas estavam muito mais próximas do que estavam as aflições do coração.
Mas, aos poucos, os castelos se desfizeram como pedras de areia e os inimigos e as princesas deram espaço à vergonha e ao desencanto. Foram ficando para trás, deixados para depois, até que se tornaram uma vaga memória nos olhos congelados de um homem esquecido.
A memória, porém, é eterna e os olhos são os espelhos da alma. Enquanto ainda houver nos olhos lembranças de uma infância passada, ela continuará viva. A quela criança que antes eu via, não cresceu. Os olhos não mentem. Os espelhos não mentem.

4 comentários:

Amélia Losada disse...

Como já havia dito...

Fantástico!

Só falta você acreditar...

;)

Marilu disse...

sabia q eu conheço esse texto de algum lugar????

hehehehehehe

como sempre:ótimo

lotado de subjetividade

xD
beijão derekkkk

Anônimo disse...

Ai cara, na moral, pra mim um dos melhores, se não o melhor que eu já li. Gostei muito, de verdade, talvez por me encaixar um pouco no texto. Parabens, ta perfeito, abraço

Anônimo disse...

ta na hora de atualizar..
passou da hora, né!

aiuahiua
abração cara