sábado, 27 de outubro de 2007

Com calça e sem causa

Não sou, não quero ser e não entendo quem é comunista. Tanto essa ideologia, quanto o socialismo, o anarquismo, o corporativismo e todos os outros "ismos" da esquerda são, pra mim, utópicos de mais. O homem não é bom o suficiente para abdicar do "Eu" em prol do "Nós". Eu sou, na verdade, adepto do capitalismo nú, crú e selvagem, do jeito que o Diabo gosta. Mas, gente, até o anti-cristo tem que ter limite! E esse limite já chegou, passou e se perdeu!
Que vendam o "Che", eu entendo. Que vendam o "Che", a la Pop Art plagiada, eu tento entender. Que vendam o "Che", a la Pop Art plagiada, versão "Disney 4 ever", eu juro que não entendo, mas tento aceitar. Agora, é de mais para mim quando o mercado deixa de vender uma imagem para vender uma idéia.
Se eu perguntar hoje, num shopping, quantas pessoas ali presentes são comunistas, garanto que serei ignorada ou tratado como "aquele louco que está gritando e incomodando os clientes". Mas, imaginando que o mundo é cor de rosa e que vivemos em uma sociedade na qual há o respeito mútuo, tenho certeza que encontraria 3 ou 4 (pseudo) seguidores de Marx. Eles diriam que o capitalismo é injusto e blá blá blá, o mesmo discurso de todo ativista de shopping. Porém, se eu os questionasse sobre quem foi O Che, não responderiam nada além de "um revolucionário cubano". Pessoal, a sombra com orelhas de Mickey é argentina.
A atitude da sociedade de consumo de vender uma ideologia séria como o comunismo, como se ela fosse um acessório, aliada à crescente acefalia juvenil (o efeito da Bomba de Hiroshima foi muito além do que a gente esperava), acabou criando monstros: rebeldes com calças (de marca) e sem causa. Que queiram ser discípulos de Lenin, eu entendo, ainda que prefira meu Adam Smith. Mas, pelo amor de Deus, pelo menos saibam o que é isso!
Fico imaginando como será no futuro. O que esses jovens explicarão aos seus filhos, quando não forem mais tão jovens assim (fisicamente, porque mentalmente talvez demore um pouco). "Filho, Che foi um revolucionário cubano. Siga-o!". Muito provavelmente essas pessoas não sabem nem onde está Cuba, o que dizer da Argentina, então. E a Rússia fica.... bem, não vem ao caso.
Na geração pós-Nagasaki, o destino do mundo parece estar mesmo nas mãos do capitalismo. E isso não porque o american way of life é o melhor sistema ou coisa do gênero, mas, sim, porque não há quem (me referindo, de fato, a uma pessoa) faça frente a ele. Isso porque, para tanto, é precioso questionamento e contestação, o que não é o forte dos dias de hoje.
O pensamento leva ao avanço e, quem sabe, com o avanço não se chegue na Utopia? Mas do jeito que as coisas vão, parece que ficaremos aqui pela Inglaterra durante algum (longo) tempo ainda.