segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sonho Vermelho

Era, no fim, um belo balão. Não que fosse muito diferente dos outros, mas era perceptivelmente único. Voava mais alto que todos os outros, era mais vermelho que todos os outros, tinha o laço mais bonito dentre todos os outros e, além disso tudo, era meu! Só eu sei como eu me sentia feliz segurando aquele balão. O meu balão.
Porém, enquanto eu acreditava segurar forte o suficiente a corda para que ele não fosse embora, um vento que surgiu do nada o arrancou da minha mão. Eu tentei, desesperado, pular e segurar o barbante, mas já era tarde demais. Não era mais o meu balão.
Durante algum tempo eu acompanhei com os olhos o caminho incerto que fazia. Cada segundo que passava, mais alto ele ficava e para mais longe ele ia. Vi o meu balão vermelho ir, aos poucos, embora. Eu o havia perdido.
Mas, quando eu já tentava segurar as primeiras lágrimas que se preparavam para descer, ele parou. Ficou preso no telhado de uma casa. Era minha chance de conseguir o meu balão de volta. Era. Pois no momento em que soltei da mão da minha mãe para correr atrás dele, uma nova rajada de vento soprou, e o empurrou fortemente contra o telhado irregular.
Corri para catar os restos do meu balão e não consegui mais segurar o choro que insistia em cair. Só achei alguns pedaços e o laço que havia na sua ponta. Era os pedaços mais vermelhos e o laço mais bonito do balão que voou mais alto. Mas ainda eram só pedaços. E pedaços não voam.